Cada um no seu quadrado | Por Luiz Holanda 6q5u11

Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito presidente na Câmara dos Deputados.
Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito presidente na Câmara dos Deputados.

Em seu primeiro discurso após ser reeleito presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) afirmou que os Poderes da República precisam respeitar os limites e permanecer “cada um no seu quadrado constitucional”. Lira se dirigia ao Executivo e ao Judiciário, em especial ao Supremo Tribunal Federal (STF), após diversos embates entre as instituições nos últimos anos.

Aliado de Bolsonaro e expoente do Centrão, Lira conquistou mais um mandato como presidente da Câmara. Bom articulador e cumpridor das promessas feitas, recebeu 464 votos, muito acima dos 257 necessários para permanecer no cargo. Começou dizendo que “O momento pede reformas importantes para o Brasil continuar se desenvolvendo”, e que não aceitará nenhum “atentado à democracia.”

Apoiado por um bloco de 20 partidos (aí incluidos duas federações partidárias mais o PT e o PL de Jari Bolsonaro), recebeu a maior votação de um candidato à Presidência da Câmara nos últimos 50 anos. O deputado Chico Alencar (Psol-RJ), lançado pela Federação Psol-Rede, teve 21 votos e o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) obteve 19 votos. Apenas 5 votos foram em branco. O “bloco” que o apoiou reuniu PT, PCdoB e PV, a mesma federação que apoiou Lula em outubro, e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, PSDB-Cidadania, Podemos, PSC, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, Pros, Patriota e PTB.

O recado enviado ao STF é que -por força do princípio da generalidade-, as leis criminais valem para todos, com as exceções nelas previstas, entre as quais as prerrogativas dadas aos deputados e senadores, cuja função deve ser protegida contra qualqer arbitrariedade. Trata-se das chamadas imunidades parlamentares, que não se confundem com privilégios pessoais, geallmente conferidos nos regimes monárquicos aos reis e rainhas, bem como às suas famílias.

As imunidades e prerrogativas dos parlamentares hoje compreendem seis situações: Inviolabilidade ou imunidade penal (ou material) (CF, art. 53, caput); Imunidade processual (CF, art. 53, §§ 3.º, 4.º e 5.º); Imunidade prisional (CF, art. 53, § 2.º); Foro especial por prerrogativa de função (CF, art. 53, § 1.º); Não obrigatoriedade de testemunhar – imunidade probatória (CF, art. 53, § 6.º) e Possibilidade de marcar dia, hora e local para o depoimento – prerrogativa testemunhal. Algumas delas são aplicadas aos vereadores.

O quadrado a que se referiu Lira diz respeito aos deputados federais e aos senadores, cujas imunidades e prerrogativas são as seguintes: (a) imunidade material (por suas opiniões, palavras e votos, no exercício da função); (b) imunidade processual (podem ser processados livremente, mas a Casa Legislativa respectiva pode suspender o processo); (c) imunidade prisional (só podem ser presos em caso de crimes inafiançáveis); (d) imunidade probatória, isto é, não é obrigado a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato; (e) foro especial por prerrogativa de função, que perdura enquanto persiste o exercício da função e desde que o crime tenha sido cometido durante seu exercício. Diante disso, precisamos saber se o STF vai continuar como vinha até agora ou se vai atuar exclusivamente dentro do seu “quadrado constitucional “.

*Luiz Holanda, advogado e professor universitário.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB) 1s513h

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentárioCancel reply 505q3p

Banner da Brasfrut: Campanha das Polpas de Frutas.
Banner de Lula Fotografia.

Manchete 192w66

Espetáculo tradicional em Pernambuco a a integrar oficialmente o patrimônio cultural brasileiro.
Manchete

Lei reconhece Paixão de Cristo de Nova Jerusalém como manifestação da cultura nacional 62611a

Leia + 4x5r4v

Caso Faroeste 4j6j20

O prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, aparece em gravações da PF afirmando ter sido alertado sobre uma operação em 2010 por um ministro do STJ, João Otávio de Noronha. A declaração ocorre no contexto da Operação Sisamnes, que apura venda de decisões judiciais e espionagem contra autoridades. O ministro nega envolvimento, mas os indícios levantados pela PF sustentam a continuidade das investigações.
Manchete

Prefeito de Palmas afirma que ministro do STJ antecipou etapa da Operação da Polícia Federal; Magistrado nega 5l1773

Operação Overclean 1w1j5a

O senador Angelo Coronel (PSD-BA) confirmou que indicou Rafael Guimarães para o comando do Dnocs na Bahia e reconheceu ter enviado emendas à autarquia em 2020. Apesar de ser citado em conversas grampeadas pela PF, ele nega qualquer relação com as empresas investigadas na Operação Overclean. A Polícia Federal segue apurando um esquema de desvios, fraudes e lavagem de dinheiro envolvendo recursos públicos federais.
Manchete

Senador Angelo Coronel confirma indicação de alvo da PF, mas nega envolvimento com empresa investigada na Operação Overclean 1o3k1u

Reportagem Editorial 6d5r6q

Como o Estoicismo Enfrenta o Vazio Existencial: Ação, dever e sentido mesmo na dúvida. Síntese explora a resposta filosófica ao sofrimento interior com destaque para o agir racional.
Manchete

A Cura Estoica do Vazio Existencial: Agir com razão quando a vida parece sem sentido 4m5c59

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB) 1s513h

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.