Em uma iniciativa para promover a reflexão sobre o tráfico transatlântico de pessoas escravizadas, mais de 2.000 pessoas embarcarão em uma viagem simbólica pelo Atlântico, com início previsto para 1º de dezembro de 2025. O projeto “A Grande Travessia” visa recriar a rota percorrida por milhões de africanos traficados para o Brasil entre os séculos 15 e 19. A viagem será realizada a bordo de um navio de cruzeiro, com partida de Santos, ando por Rio de Janeiro e Salvador antes de seguir para Luanda, em Angola.
A viagem simbólica será marcada por uma travessia de 21 dias, dividida em três partes: sete dias de navegação no Atlântico, sete dias de permanência em Angola e sete dias de retorno ao Brasil. O projeto, coordenado pelo antropólogo Dagoberto José Fonseca, destaca-se como a primeira experiência de um retorno em massa de pessoas com ascendência angolana, que partirão da atual condição de brasileiros de origem africana para o continente de seus anteados.
Segundo Fonseca, a escolha da travessia marítima se justifica pela significação histórica das águas. O antropólogo explicou que, ao longo de séculos, o tráfico transatlântico de escravizados foi realizado por meio dos mares, tornando a viagem de navio a única forma de reconectar simbolicamente os participantes com seus ados. O antropólogo ainda ressaltou que a viagem ocorre no momento em que Angola se prepara para celebrar seus 50 anos de independência, o que contribui para a relevância do evento.
Com um total de 2.000 participantes, a viagem incluirá estudantes, professores, acadêmicos, empresários, descendentes de escravizados e líderes religiosos. Durante o percurso, atividades como workshops, mesas-redondas e oportunidades de networking estarão disponíveis aos participantes. A reabertura das rotas marítimas do Atlântico é vista pelos organizadores como um o importante para resgatar a memória histórica das vítimas da escravatura.
O projeto também inclui homenagens a mais de 2,5 milhões de vidas perdidas na travessia transatlântica. Fonseca lembrou que, para as vítimas, o Atlântico não deve ser visto como um lugar de sepultamento, mas como um espaço de reencontro, simbolizando o resgate da memória coletiva dos anteados.
“A Grande Travessia” busca ser mais do que um evento simbólico; ele é apresentado como parte de um movimento global por reparações pela escravatura e o colonialismo europeu, ecoando as iniciativas das Nações Unidas desde 1948. A cerimônia de partida ocorre no Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravatura e do Comércio Transatlântico de Escravos, criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2007.
*Com informações da ONU News.
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