Amadeu Pitanga de Jesus, conhecido como Pitanga, atuou por 58 anos na Rádio Sociedade de Feira de Santana, sendo reconhecido internamente como um dos pilares da emissora. Seu vínculo com a rádio teve início ainda nos anos 1950, quando chegou à cidade vindo de Irará. O apelido “Pitanga” surgiu ainda na infância, em alusão à fruta de que gostava. Em 1952, começou a trabalhar com os frades Capuchinhos, realizando serviços de transporte em uma área próxima à atual sede da emissora.
Em 1960, acompanhou os primeiros os da transição da rádio para a istração dos Capuchinhos, quando o fundador Pedro Matos cedeu um horário de programação para o frei Hermenegildo de Castorano. Logo após, a ordem religiosa adquiriu a Rádio Sociedade de Feira, além de outras emissoras no interior baiano. Pitanga teve papel central nesse processo, inclusive auxiliando na instalação de transmissores.
O transmissor original de 250 watts, localizado no bairro Queimadinha, foi substituído por dois de 1KW, nas faixas Onda Média e Onda Tropical. Pitanga contribuiu diretamente na instalação desses equipamentos ao lado de Edval Souza e do frei Hermenegildo. Em 1966, com a instalação de um transmissor de 10 KW no bairro Subaé, a emissora ou por novo salto tecnológico.
Um dos episódios lembrados por Pitanga envolveu a viagem de 1960 a São Paulo para aquisição do transmissor de 1KW, realizada em um furgão Chevrolet de 1945. A viagem durou 12 dias devido à ausência de pavimentação na BR-116/Sul. Ao chegarem a São Paulo, enfrentaram dificuldades financeiras quando o motor do veículo apresentou defeito. O frei Hermenegildo conseguiu audiência com o governador Ademar de Barros, que fez uma doação de 60 mil réis. Outras doações viabilizaram a compra do transmissor, com uma exigência inusitada: o envio de um jegue para o neto do vendedor, atendida pela emissora após o retorno a Feira de Santana.
Durante o trajeto de volta, na região serrana de Petrópolis, uma cerração obrigou a parada do veículo. Após retomarem a viagem, uma abordagem da Polícia Rodoviária causou surpresa ao encontrar Pitanga dormindo na mala do furgão. O incidente foi resolvido com bom humor, tornando-se um dos relatos recorrentes de sua trajetória.
Reconhecido como um profissional comprometido, Pitanga iniciava sua rotina às 3h30 da manhã, mantendo hábitos simples e rotineiros. Era apreciador de música romântica, forró, feijoada e acompanhava os jogos do Bahia. Também foi dedicado à família, ao lado da esposa Judite e dos filhos Marcelo e Carla.
Faleceu em 29 de setembro de 2010, aos 73 anos. Mesmo após 14 anos de sua morte, seu nome permanece associado à identidade institucional da Rádio Sociedade. Sua atuação como motorista, técnico e memória oral da emissora o consolidou como um símbolo histórico da comunicação radiofônica regional.
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