Caso Faroeste e a antiga Fazenda São José: síntese da disputa bilionária por terras marcada por violência, grilagem e corrupção no Oeste da Bahia 2431h

O Caso Faroeste, centrado na antiga Fazenda São José, expõe um esquema bilionário de grilagem, fraudes em inventários e corrupção no Judiciário da Bahia. A disputa pela área de 366 mil hectares envolveu três grupos, falsificação de documentos e tentativa de captura institucional, gerando teses como o Sistema Faroeste de Corrupção no Judiciário. A Operação Faroeste revelou a profundidade da crise ética que atinge o aparato estatal baiano e nacional.
A disputa por 366 mil hectares da antiga Fazenda São José, no Oeste da Bahia, revela fraudes cartoriais, corrupção judicial e conluios entre empresários, juízes e advogados.

As Comarcas de Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia figuram como epicentros do litígio fundiário envolvendo a antiga Fazenda São José, situada no oeste do estado da Bahia. A propriedade, com área estimada em 366 mil hectares, está no cerne de um complexo conjunto de ações judiciais que apuram fraudes em registros cartoriais, simulações de inventários e indícios de corrupção sistêmica no âmbito do Poder Judiciário estadual baiano. O jornalista e cientista social Carlos Augusto, editor do Jornal Grande Bahia, apresenta uma síntese narrativa descritiva e analítica dos fatos envolvendo o conflito fundiário que resultaram na deflagração da Operação Faroeste, que, por sua vez, resultou no Caso Faroeste: Terras da Antiga Fazenda São José, Fazenda Estrondo, Caso Rusciolelli, Caso Obata x Poyer, Fraudes em Inventários da Bahia e Operação Patronos, e em seus desdobramentos, na revelação de uma co que abrange em profundidade o Ministério Público e o Poder Judiciário do Brasil, além de parcelas do aparato policial e do sistema político e istrativo do País, em fatos que geraram as teses Sistema Faroeste de Corrupção no Judiciário (SFCJ) e Cleptocracia Autocrática Judicial no Brasil (CAJB).

As Comarcas de Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia e o Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) estão no centro das decisões sobre a disputa pelas terras da antiga Fazenda São José, localizada no oeste da Bahia. A área de 366 mil hectares, avaliada em mais de R$ 1 bilhão, é o foco de uma intensa controvérsia judicial marcada por fraudes em registros cartoriais, inventários simulados e indícios de corrupção sistêmica no Poder Judiciário Estadual da Bahia.

O jornalista e cientista social Carlos Augusto, editor do Jornal Grande Bahia, apresenta uma síntese descritiva e analítica sobre os desdobramentos dessa disputa fundiária, que resultou na deflagração da Operação Faroeste. A investigação federal revelou uma rede de conluios entre empresários, advogados, servidores públicos e magistrados, com o objetivo de legitimar matrículas fundiárias forjadas, em detrimento de herdeiros legítimos.

Os desdobramentos da operação originaram o Caso Faroeste, cujos capítulos englobam não apenas a antiga Fazenda São José, mas também áreas adjacentes, como a Fazenda Estrondo, além de episódios paralelos identificados como Caso Rusciolelli, Caso Obata x Poyer, Fraudes em Inventários da Bahia e Operação Patronos. Esse conjunto de investigações revelou a atuação de uma estrutura criminosa inserida no sistema de Justiça, envolvendo também membros do Ministério Público, aparato policial e segmentos do sistema político-istrativo do país.

Diante da gravidade dos fatos, foram formuladas as teses Sistema Faroeste de Corrupção no Judiciário (SFCJ) e Cleptocracia Autocrática Judicial no Brasil (CAJB), que apontam para a existência de um modelo institucional capturado, no qual decisões judiciais são negociadas e direitos fundamentais são sistematicamente violados.

As apurações conduzidas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) indicam a prática de grilagem de terras, lavagem de dinheiro e venda de decisões judiciais, evidenciando o grau de comprometimento de agentes públicos com interesses privados e o consequente desgaste da confiança nas instituições democráticas.

Histórico do imóvel e origem das fraudes (1887–1970) 473c2a

A origem fundiária da antiga Fazenda São José remonta a 20 de junho de 1887, quando Suzano Ribeiro de Souza adquiriu o imóvel da proprietária Anna Felícia de Souza Miranda, conforme registro na matrícula cartorial nº 54, no antigo livro de Transcrição de Imóveis do Tabelionato de Notas da Comarca de Santa Rita de Cássia, que à época abrangia também Formosa do Rio Preto.

O casal Suzano Ribeiro de Souza (falecido em janeiro de 1890) e Maria da Conceição Ribeiro (falecida em 1908) teve cinco filhos:

  • Antônia Ribeiro de Souza (casada com Luiz Ribeiro de Souza);
  • Raimundo Ribeiro de Souza (18 anos em 1890);
  • Joana Ribeiro de Souza (17 anos);
  • Maria Ribeiro de Souza (8 anos);
  • Domingos Suzano Ribeiro (6 anos).

Foram abertos inventários após o falecimento de cada um dos cônjuges. No entanto, na segunda metade da década de 1970, foi forjado um novo inventário, baseado em um falso atestado de óbito de Suzano Ribeiro de Souza, datado fraudulentamente de 1894, e que excluía quatro dos cinco herdeiros legítimos, reconhecendo apenas Joana Francisca Ribeiro.

Esse novo inventário deu origem às matrículas cartoriais 726 e 727, posteriormente utilizadas pelo Grupo Econômico dos Okamoto e seus sucessores para reivindicar a posse da propriedade.

Primeiras disputas judiciais (1982–1990) 5j183l

Em 1982, foi registrada a matrícula nº 1037, utilizada pelo casal José Valter Dias e Ildenir Gonçalves Dias para fundamentar sua reivindicação sobre parte da área.

Em 22 de julho de 1985, o casal pagou as custas da futura ação de reintegração. A Ação de Reintegração de Posse nº 0000157-61.1990.8.05.0081 foi distribuída em 29 de maio de 1990, inicialmente na Comarca de Santa Rita de Cássia, com valor de CR$ 500 milhões, e depois transferida para a Comarca de Formosa do Rio Preto.

CNJ confirma fraude cartorial (2020) 122811

Em 29 de janeiro de 2020, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recebeu o Relatório nº 477/2020, elaborado pela Corregedoria Geral da Justiça e Corregedoria das Comarcas do Interior do TJBA, que confirmou a fraude nas matrículas 726 e 727, referindo-se ao falso atestado de óbito e ao inventário fictício do casal Souza.

Processo nº 0000020-90.2017.8.05.0224 e tentativa de extinção (2017–2023) 72u3o

O casal Dias ingressou com a ação declaratória de nulidade das matrículas 726 e 727 em 12 de janeiro de 2017, apontando as três principais fraudes:

  • Emissão fraudulenta do atestado de óbito de Suzano Ribeiro de Souza;
  • Inventário fictício com exclusão de herdeiros legítimos;
  • Criação irregular das matrículas cartoriais nº 726 e 727.

Em 10 de abril de 2023, os autores peticionaram pela extinção da ação, alegando acordo judicial com a Bom Jesus Agropecuária. A proposta, no entanto, visava invalidar as denúncias de fraude anteriormente apresentadas e convalidar as matrículas contestadas.

Acordo Judicial de 2023 anulado (abril de 2023) 5v5869

Em 12 de abril de 2023, o juiz Carlos Eduardo da Silva Camillo considerou a proposta de acordo como:

  • Tentativa de induzir o juízo a erro;
  • Inovação ilegal do objeto da ação;
  • Fraude contra terceiros de boa-fé.

A decisão resultou na não homologação do acordo, na reversão de mandados de reintegração, e na aplicação de multa de R$ 600 milhões por litigância de má-fé e atentado à dignidade da Justiça.

A Operação Faroeste (2019–2023) 3p4n58

Deflagrada em 19 de novembro de 2019, a Operação Faroeste revelou o funcionamento de uma organização criminosa estruturada no Judiciário baiano, composta por juízes, desembargadores, advogados e empresários do agronegócio.

Até o momento, foram deflagradas 8 fases da operação e instauradas 10 ações penais no STJ, com destaque para a atuação do ministro Og Fernandes. O processo está centralizado no Inquérito nº 1.258/DF.

A 5ª fase, de 24/03/2020, teve como base ação controlada com colaboração do advogado e ex-servidor do TJBA Júlio César Cavalcanti Ferreira, que revelou a atuação de outro núcleo criminoso envolvendo a Bom Jesus Agropecuária e Nelson José Vígolo.

Três grupos reivindicam a Fazenda São José 2q4x4d

  1. José Valter Dias e Ildenir Gonçalves Dias – com base na matrícula nº 1037 (1982);
  2. Grupo Okamoto e Bom Jesus Agropecuária – com base nas matrículas nº 726 e 727 (fraudulentas);
  3. Domingos Bispo – com base nos direitos hereditários legítimos derivados da matrícula original nº 54 (1887).

Tentativa de capturar o Judiciário para validar fraudes históricas 4t2dm

O Capítulo 146 do Caso Faroeste mostra que a tentativa de extinguir uma ação baseada em provas irrefutáveis de fraude documental escancara o grau de captura institucional sofrido pelo Judiciário da Bahia. O caso revela como interesses econômicos atuaram para manipular decisões judiciais e silenciar provas, com participação direta de agentes públicos, advogados e empresários.

A definição sobre a legítima propriedade da Fazenda São José ainda está em aberto. O Ministério Público da Bahia (MPBA), o MPF, a PGR, a Polícia Federal, o CNJ e o PJBA continuam investigando e podem deflagrar novas fases da Operação Faroeste.

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O que é a Operação Faroeste e do que se trata o Caso Faroeste

Capítulo 146 do Caso Faroeste: O Estado da Arte


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