Reportagem de Fabio Serapião — publicada nesta quinta-feira (12/06/2025) no site Metrópoles — revela que áudio obtido pela Polícia Federal (PF) no âmbito da Operação Overclean revelou que o coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra às Secas (Dnocs) na Bahia, Rafael Guimarães de Carvalho, demonstrou preocupação com o eventual bloqueio de recursos oriundos de emendas parlamentares atribuídas a um senador federal, em decorrência de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na gravação, Rafael Guimarães conversa com o empresário Alex Parente, da empresa Allpha Pavimentações, que possui mais de R$ 150 milhões em contratos com o Dnocs, custeados majoritariamente por emendas do relator. Durante o diálogo, Guimarães expressa inquietação com o impacto das medidas de transparência e bloqueio determinadas pelo ministro Flávio Dino, do STF, em 2024.
O coordenador da autarquia federal afirma que diversas obras executadas pelo Dnocs estariam diretamente vinculadas a recursos de emendas parlamentares, e insiste que os bloqueios poderiam comprometer a continuidade dos projetos.
Citação a senador e pressão sobre recursos
Em um trecho do áudio, Guimarães destaca que se trata de “emenda do senador”, indicando que há significativa pressão política em torno da liberação dos recursos. Apesar da ausência de menção explícita ao nome do congressista, Rafael Guimarães foi indicado ao cargo pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA).
Procurado pela reportagem, Coronel confirmou a indicação e afirmou que, apesar de ter enviado emendas ao Dnocs em 2020, não possui qualquer ligação com a empresa Allpha Pavimentações, nem destinou recursos diretamente a ela.
Defesa de Rafael Guimarães e declarações de Angelo Coronel
O senador reiterou que considera Rafael uma pessoa séria e que não houve qualquer ordem de prisão contra ele. Segundo Coronel, a pressão sobre os coordenadores do Dnocs é comum, pois os parlamentares desejam acompanhar a aplicação das verbas.
“Todos os parlamentares pressionam. ‘Cadê a obra?’ Mas quem executa não somos nós. O dinheiro sai do órgão”, declarou. Coronel ainda negou conhecer os irmãos Alex e Fabio Parente.
Investigação da Operação Overclean
A Operação Overclean foi iniciada para apurar desvios em contratos do Dnocs, mas expandiu o foco após a obtenção de provas em dispositivos eletrônicos e gravações ambientais. Atualmente, a investigação alcança contratos com o governo federal, estaduais e municipais, com indícios de organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção e fraudes licitatórias.
A terceira fase da operação, deflagrada em abril de 2025, teve como foco supostos crimes de obstrução de Justiça. O caso encontra-se no STF após citações ao deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA).
Empresas sob investigação e novos personagens
As investigações apontam para a atuação de um grupo empresarial coordenado pela família Parente, responsável por contratos milionários em várias esferas de governo. Também foi identificado Gabriel Mascarenhas Sobral, suposto lobista do grupo com atuação em dois ministérios federais.
Linha do tempo da Operação Overclean
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Agosto de 2024: Ministro Flávio Dino determina bloqueio de pagamentos de emendas e exige transparência do Congresso;
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Dezembro de 2024: Primeira fase da Operação Overclean é deflagrada pela PF, com buscas e prisões;
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Janeiro de 2025: Coaf envia dados financeiros sobre movimentações atípicas de empresas ligadas ao Dnocs;
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Março de 2025: Relatórios da PF conectam as fraudes a esferas federais e apontam envolvimento de parlamentares;
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Abril de 2025: Terceira fase da operação apura obstrução de Justiça e cita o deputado Elmar Nascimento;
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Junho de 2025: Vaza áudio em que chefe do Dnocs revela preocupação com bloqueio de verbas de senador.
Principais dados organizados por categoria
Personagens citados:
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Rafael Guimarães de Carvalho (chefe do Dnocs/BA)
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Alex Parente (empresário da Allpha Pavimentações)
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Angelo Coronel (senador, PSD-BA)
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Fabio Parente (irmão de Alex)
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Elmar Nascimento (deputado federal, União Brasil-BA)
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Gabriel Mascarenhas Sobral (suposto lobista)
Instituições envolvidas:
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Departamento Nacional de Obras Contra às Secas (Dnocs)
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Supremo Tribunal Federal (STF)
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Polícia Federal (PF)
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Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
Fases da investigação:
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1ª fase: contratos e empresas (2024)
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2ª fase: ampliação do foco (início de 2025)
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3ª fase: obstrução de Justiça e conexões políticas (abril de 2025)
Valores envolvidos:
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R$ 150 milhões em contratos da Allpha Pavimentações com o Dnocs
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R$ 67 milhões em recursos do orçamento secreto reados entre 2021 e 2024 ao Dnocs na Bahia
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